Não, não é meu. Não saberia escrever um, mesmo que quisesse. Não tenho a coragem para arriscar-me em um terreno onde, fatalmente, tenho tudo para soar ridículo. Ao contrário da minha pequena Júlia. Que do alto dos seus 12 anos, não pensa nessas censuras bobas. Que pulou rumo ao que me é desconhecido e de lá trouxe esse pequeno poema feito sob a luz das aulas de história. O orgulho não cabe nas minhas palavras. Não cabe na casa. Não cabe em nós. Deixo ele solto por aqui.
Minha moeda
Minha moeda tem carne, osso,
Tem sangue.
Como o que corre em suas veias.
Tem suor pingando da testa,
enquanto anda
Com cestas cheias.
Minha moeda antes ficava
Feliz
Morando numa aldeia.
Agora está na senzala
Sofrendo
Cercada de areia.
Minha moeda antes cantava,
Dançava,
Sem saber de seu futuro.
Mas agora não canta,
Nem dança,
Com seu presente obscuro.
Minha moeda antes tremia
De medo
Mas não teme mais o escuro.
Pois agora aprendeu que é
Embaixo do sol
Que o trabalho é duro.
Minha moeda se perde nesses pensamentos
De um porão de um navio negreiro
Num atlântico de lágrimas negras.
Eu não digo que puxou ao pai, porque ele diz que não se arriscaria como o poeta, mas que a menina puxou as letras e o talento do pai, isso esse poema não nega. E aonde mais as letras irão levar essa menina? Um bom mistério para ser desvendado no tempo certo. Que orgulho, hein, papai Kassú? Nada mais merecido. Beijos nessas preciosas meninas.
Apóstolo,
se ela achar um caminho em que possa ser feliz, já estarei recompensado. E tomara que seja bem antes do que eu demorei a descobrir como era mais simples ser feliz.
Abração.
Sensacional!!! Ela se supera na sua capacidade de ser demais!
Ela tem um jeito bonito de escrever. É bom de ler.
Meus parabéns, Julia. Filha de peixe….
Obrigado, Gustavo. Ela tem a inocência de quem se arrisca.
Que máximo! Parabéns pela filhota, puxou o dom do pai! beijos
Obrigado, Tati. Ela está construindo os seus passos aos pouquinhos.
Show de bola. Parabéns para vocês todos.
Obrigado, Fernando.
Inteligente, sutil e belo.
Muito obrigado, João. Não escondo esse orgulho.
DOZE!!? Como pode? rs
Parabéns! Ela teve a quem puxar!
Coisa linda de se ler.